Síndrome do ovário policístico
5 de março de 2021Apesar de sexo ser um assunto constante em filmes, novelas e rodas de conversas entre amigos em encontros casuais, apesar de sexo ser tema bastante discutido em lives e ser um dos assuntos mais procurados em sites de busca, mesmo tendo vivido a revolução sexual dos anos 60, o tema continua sendo um grande tabu na nossa sociedade. Quando o tema vem com o peso de uma disfunção ou “inadequação” aí se torna assunto quase que proibido. E quando é sobre a vida sexual de nossos filhos é “melhor mudar de assunto”!
Chega!!! É preciso falar sobre SEXO!
Antes de falar da terapia sexual, eu preciso falar sobre a importância de ter uma vida sexual saudável. Saúde sexual é um dos pilares da qualidade de vida, segundo a OMS. Sexo de qualidade libera hormônios que aliviam o estresse, melhora a qualidade do sono, melhora o humor e eleva a autoestima e autoconfiança, queima calorias, colabora para a saúde do coração, fortalece o sistema imunológico entre tantos outros benefícios. Se a sua opção é ter uma vida sexual então faça isso direito!!!
Diante de tudo que foi dito, surgem várias perguntas. Você para e pensa: por que nunca conversaram sobre sexo comigo? (talvez, pelo mesmo motivo que você não conversa com seus filhos! Pense nisso!!). Que profissional devo procurar? O que será que acontece durante uma consulta dessa? Entre tantas outras que povoam o imaginário das pessoas e que as impedem de procurar ajuda. Para esclarecer algumas delas, vamos falar sobre terapia sexual.
A terapia sexual nada mais é do que uma psicoterapia que tem como objetivo identificar e tratar as disfunções sexuais: desejo sexual hipoativo (baixa libido feminina e masculina), anorgasmia (dificuldade para atingir o orgasmo), vaginismo, ejaculação precoce, dificuldades para conseguir ou manter a ereção são algumas delas. Não adie seu tratamento, esconder seu problema só faz com que as coisas piorem, que outras questões emocionais surjam e comecem a repercutir em outros aspectos da sua vida.
Médicos e psicólogos com especialização em terapia sexual são os profissionais que estarão habilitados para te conduzir nesse processo. A depender do profissional que esteja te acompanhando, ele pode sentir a necessidade de te encaminhar para outros especialistas como ginecologista, urologista, psiquiatra, fisioterapeuta.
É preciso investigar causas orgânicas que devem ser prontamente tratadas como as alterações hormonais, por exemplo. Algumas patologias podem estar associadas a algumas disfunções como o Diabetes, hipertensão, doenças vasculares. Algumas medicações como antidepressivos, anticonvulsivantes, anticoncepcionais hormonais podem contribuir para outras. (Não devem ser suspensas nenhuma medicação sem que seja feita uma avaliação médica).
A terapia sexual é um tratamento individualizado que respeita a história de vida e experiências de cada pessoa como ser único que é. Portanto, pacientes com a mesma disfunção poderão ter conduções bem diferentes.
Para o sucesso do tratamento, o paciente deverá estar comprometido com o seu processo de autoconhecimento e deverá fornecer o máximo de informação para que o terapeuta consiga avaliar vários aspectos que podem ser a causa e outros que são fatores de manutenção do problema. Entenda que aquele espaço é o seu lugar de segurança para expor questões intimas sem julgamentos. Aproveite isso ao máximo.
Você terá “tarefa de casa”. O terapeuta irá te pedir para que você execute algumas atividades em casa para colocar em prática tudo que foi conversado. Você terá o seu tempo mas é de suma importância que tente realizá-las. Todos os sentimentos envolvidos na execução das tarefas e o fato de conseguir executá-las ou não, serão importantes para nortear a conduta terapêutica, avaliar a gravidade da disfunção e o sucesso do tratamento. Conseguir executar as tarefas faz com que o paciente se apodere da situação e progrida mais rapidamente no seu tratamento.
Você não vai precisar tirar a roupa! Durante a terapia você não precisará ficar despido, nem fazer performances ou demonstrar absolutamente nada. O profissional não irá tocar em suas partes intimas ou manipulá-las. Nosso objetivo é trabalhar o principal órgão sexual do corpo humano: a cabeça! Caso a sua terapia seja conduzida por um ginecologista ou urologista, ele poderá realizar o exame físico e tratar questões orgânicas que poderão estar associadas ou não às suas queixas. No caso de vaginismo, o ginecologista estará apto a usar os dilatadores vaginais em consultório com o objetivo de demonstrar a paciente como realizar o procedimento em casa e avaliar gravidade da disfunção e evolução do tratamento.
A parceria deverá ser chamada para algumas sessões ou para uma entrevista. Escutar a outra parte envolvida trará informações importantes. Questões afetivas, conjugais, corporais e relacionais influenciam no tratamento. Algumas vezes, a outra parte pode ser a disfuncional e não o paciente. Muitas vezes o casal é disfuncional. A terapia sexual é, na realidade, uma terapia de casal.
Claro que podem existir vários outros questionamentos, eu tenho certeza que sim, afinal estamos falando sobre sexo! O principal objetivo aqui é fazer você entender que não adianta jogar o problema para debaixo do tapete, que você não é um ser estranho, que isso só acontece com você!!!! Pode parar já!!! Entenda que seu problema tem solução e que milhares de pessoas passam por problemas semelhantes aos seus, mas ninguém fala isso numa mesa de bar onde todos têm uma vida sexual agitadíssima e interessantíssima, não é?
Dra Michelly Pascaretta
CRM 15830/ RQE 10168