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26 de março de 2021A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma doença muito prevalente entre as mulheres no mundo inteiro e não é diferente no Brasil, onde acomete cerca de 10% dessa população. Número que pode estar subestimado pela dificuldade de diagnóstico.
É uma condição ainda sem cura e suas causas ainda não estão bem estabelecidas, sabe-se que há um componente genético e que mulheres com irmã ou mãe com a SOP têm mais chances de também desenvolvê-la. Não podemos banalizar a SOP de maneira alguma pelas complicações que a ausência do tratamento pode ocasionar: diabetes, hipertensão, obesidade, câncer de endométrio, esteatose hepática e depressão são algumas delas.
Mas o que é a SOP?
É uma síndrome (conjunto de sinais e sintomas) que acometem a mulher como um todo. Uma doença plurimetabólica e não uma doença do ovário como seu nome sugere (o que acaba por confundir a paciente). O ovário é apenas um dos órgãos atingidos por ela.
Por que então ela recebeu esse nome?
Quando a doença começou a ser estudada, o sintoma que a paciente apresentava e a levava ao consultório médico era a irregularidade menstrual e a dificuldade para engravidar, com o advento da ultrassonografia (USG) foi visto que as pacientes apresentavam cistos nos ovários, daí o nome da síndrome. Mas os estudos avançaram e outros sintomas e sinais foram associados ao quadro da paciente.
Dentre as várias condições que podem desencadear a SOP, a resistência insulínica é das mais importantes.
Diante disso, começamos a entender que precisamos parar de focar no ovário e avaliar a paciente como um todo. Tratar os cistos de ovário na SOP é como tratar um espirro quando se está gripado. Você pode até apresentar melhora dos sintomas mas não vai tratar a doença.
A SOP acomete a parte metabólica, endócrina e reprodutiva da mulher. O metabolismo fica lentificado, dificuldade para perder peso, acúmulo de gordura abdominal (gordura visceral). Aparece a resistência à insulina, aumento dos hormônios androgênicos (masculinizantes) como a testosterona, fazendo com que a mulher apresente pelos em locais mais comuns entre os homens (barba, buço, tórax, face interna das coxas), aumento da oleosidade da pele, acne grave, queda de cabelo (alopecia). Irregularidade menstrual, ciclos menstruais anovulatórios (não conseguem ovular) e infertilidade.
Por tudo que foi dito não fica difícil compreender que essas pacientes estão mais suscetíveis à distúrbios psiquiátricos como a depressão e a ansiedade.
Diagnóstico
Para o correto diagnóstico usamos 3 critérios (os critérios de Rotterdam):
- Irregularidade menstrual: ciclos menstruais longos, maiores que 45 dias ou até ausência de menstruação por longos períodos;
- Hiperandrogenemia (aumento dos níveis de hormônios masculinizantes no sangue) com ou sem a manifestação clínica que é quando acontece o hiperandrogenismo;
- Ovários polimicrocisticos
A paciente precisa apresentar 2 dos 3 critérios para receber o diagnóstico. Então se a paciente não apresentar ovários policísticos no seu exame de USG mas apresentar todos os outros critérios ela ainda será diagnosticada com a síndrome.
O diagnóstico da SOP é de exclusão: é necessário que se excluam todas as patologias que cursam com sinais e sintomas semelhantes.
E o tratamento?
Simplesmente mudança dos hábitos de vida: alimentação adequada e atividade física são os pilares fundamentais para o sucesso no tratamento. Quando conseguimos fazer a paciente entender que tudo parte de uma inadequação no metabolismo da insulina, ela passa a colaborar muito mais com o seu tratamento. Podendo, com muita disciplina, não precisar fazer uso de nenhuma medicação. Sim, isso é possível!!!
E os anticoncepcionais hormonais?
Podem fazer parte do nosso esquema terapêutico mas não será interessante quando a paciente quiser engravidar não é?
Poderemos ainda fazer uso de outras medicações conforme os sintomas apresentados pela nossa paciente.
Então é isso meninas. Conversem com seu ginecologista de confiança para reverter esse quadro agora mesmo! Muita saúde e qualidade de vida!!!